Diferenças de gêneros e estilos

Mulher
18.fev.2014

É inegável a ascensão feminina no mercado de trabalho nas últimas décadas. Sem alarde, muitas vezes sem nem se dar conta de seu pioneirismo, fomos nos firmando em postos até então ocupados por homens, desde que o mundo é mundo. Alguns poucos redutos a serem conquistados ainda restam. É tudo uma questão de tempo.

Entretanto, a diferença nas remunerações tem sido amplamente divulgada : ainda ganhamos 70% do salário deles, exercendo as mesmas funções.  As mulheres continuam sendo multitarefa, reconhecidamente são competentes e comprometidas,  mas a equiparação salarial não chega.

É fácil e tentador colocarmos a culpa “neles”, mas será que não temos uma parcela de responsabilidade neste processo que nos atinge tão unanimemente? Será que lutamos o suficiente pela causa? Ou sentimos vergonha de lutar e ainda temos medo de passar por “gananciosas”?

Existe, além da discriminação indiscutível contida nos dados citados, uma recriminação, velada ou não, voltada àquelas que exprimem suas pretensões de melhores ganhos. Especialmente em empresas onde não há regras claras, nem planos de carreira definidos. Em ambientes com este perfil, cada funcionário mais graduado negocia seu salário secretamente. Inibidas, inseguras, muitas de nós não possuem a agressividade e a habilidade  estratégica, comuns à maioria dos homens, necessárias ao sucesso em negociações deste tipo.

Há também mulheres que afirmam para si mesmas que não podem ter tudo, na equação carreira / filhos. Será mesmo? Como será que os homens fazem? Eles não podem ser pais  amorosos e amados  e, ao mesmo tempo,  cuidar de suas carreiras livremente? Tenho conhecido alguns que se sentem ótimos pais, são admirados e respeitados pelos filhos, mas dedicam à prole um tempo especial, que consideram de qualidade, dentro do que se propõem e a carreira lhes permite. Sem culpas. E os filhos os respeitam e amam, volto a lembrar.

É possível e, arriscaria dizer, até provável, que a questão esteja mais dentro de nós, mulheres. Diz respeito às nossas crenças e convicções, como por exemplo o que julgamos necessário dar de nós aos nossos filhos.  Bom seria ter a noção do que seria necessário  e suficiente darmos aos nossos filhos, para nos sentirmos “mães suficientemente boas”, como uma vez teorizou o pediatra e psicanalista inglês Donald Winnicott.

Nem de mais, nem de menos. E, claro, sem culpas.

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