Especialistas do comportamento humano já nos disseram que, ao se sentirem ameaçadas, as pessoas se defendem de seu próprio jeito e que este seria um reflexo arcaico. Dentre tantas formas possíveis de se defender quando atacado, como entender quem se defende atacando? Seria razoável o ataque como defesa?
O que se sabe é que o medo está no cerne da problemática dos que agem assim, pois o maior receio é o de serem desvalorizados, rejeitados ou humilhados. O recurso pode ocultar feridas de um passado sofrido e nada incomum: alguém que viveu em condições de desamparo emocional ou de dominação por terceiros, ou que por muitas vezes se sentiu em perigo e que sofreu com isso. Sabemos que nosso comportamento vai variar de acordo com as mensagens que recebemos e com as experiências que vivenciamos. Cada um de nós elabora um sistema de valores sobre nossas crenças: “eu sou frágil, mas não devo demonstrar”, ou “as pessoas não me aceitam”, ou “todos têm inveja de mim”, e por aí vai.
Tomamos como real aquilo que não é mais do que uma representação da realidade feita por nós mesmos e que permanece guardada dentro de nós. Esta falta de lucidez nos faz andar em círculos: ficamos o tempo todo checando se aquilo que tememos está se aproximando de nós. Quanto mais alguém espera ser atacado, mais desconfia e se torna hostil. Os “outros”, por sua vez, se defendem ou se revoltam, o que confirma ao nosso protagonista que ele tem mesmo razão para desconfiar de todos. O círculo se fecha.
Em função de nosso temperamento e do ambiente em que vivemos, podemos adotar uma postura de ataque como defesa na vida. É uma estratégia de sobrevivência, que refinamos e aperfeiçoamos com o passar do tempo. Ou seja, é para sobreviver que nos impomos tal espécie de “arte da guerra”.