A verdadeira humildade

Comportamento
05.dez.2017

Ter consciência de valores e limites ajuda-nos a viver de forma confortável conosco e com os outros. Denegrir-se ou mesmo ter dificuldades em receber elogios pode, por vezes, dar a impressão de humildade, mas mais provavelmente será a expressão de uma falta de apreço por si próprio. Na humildade verdadeira, talentos e qualidades não são nem inflados nem diminuídos. As falhas não são fonte de desvalorização. Para isso, é preciso estar seguro de seu valor pessoal, o que pressupõe tratar-se de alguém que não foi nem negligenciado ou maltratado afetivamente, nem amado incondicionalmente demais.

A grande força da humildade é que ela dispensa a necessidade de se iludir ou iludir os outros. Ela nos leva a admitir nossos erros, a aprender com eles, a reconhecer e a respeitar as qualidades e as contribuições dos outros, sem que nos sintamos diminuídos. Como é mais profunda e mais constante do que a modéstia, a humildade é menos suscetível de se deixar vencer pela pressão das circunstâncias. Se é possível fingir ou fazer de conta que se é modesto, a humildade já demanda um terreno mais complexo para se construir: ela só se erguerá sobre uma consciência de si o mais lúcida e humanitária possível.  Nesse ponto, o fato de podermos nos dizer e aos outros: “eu não sei” ajuda muito, já que nossa ignorância funciona como um motor para seguirmos aprendendo até o fim.

Em um de seus artigos, o psicólogo americano Christopher Peterson resume sabiamente a diferença entre a humildade e a falta de consideração de si: “a humildade não é de se pensar ser menos que alguém, mas de pensar menos em si.” Acreditar que estamos sempre em posição de aprender, de progredir, de nos melhorar como seres humanos, a mim parece ser esta a verdadeira humildade.

E você, tem algo para comentar sobre isso?

Artigos relacionados

19 jun

A certa altura da vida

A certa altura da vida, já nos deparamos com a finitude (ou, falando de forma mais simples, com o fenômeno da passagem do tempo e a morte) algumas vezes. Dentro de nós já há o registro do valor do tempo, aprendemos o quão rapidamente ele passa. Com um pouco de atenção, passamos a perceber a […]

  • 2224
Comportamento
26 jun

Sobre a vulnerabilidade

Na delicada questão da formação de vínculos nas relações interpessoais, a sensação de vulnerabilidade está sempre presente, só que de forma mais intensa em uns do que em outros. Vulnerabilidade é o que sentimos quando alguém parece enxergar em nós algo que queríamos esconder, como nossas inseguranças e medos. O sentimento de vulnerabilidade é alimentado […]

  • 2052
Comportamento
8 ago

Encontros raros

Quantos encontros que você poderia chamar de raros já aconteceram em sua vida? Encontros que evoluem para uma ligação profunda e verdadeira, que ultrapassa o tempo e o espaço? Eu, como todo mundo, tive alguns. E um deles foi com meu pai. Nossa convivência era baseada naquele tipo de afeto em que um releva os […]

  • 801
Comportamento