“Isso é coisa da sua cabeça!!”, “Você está imaginando isso!!”, “Você é louca!!”… Quem dentre nós, mulheres, já ouviu essas afirmações em momentos em que só estavam falando de coisas que estavam de fato acontecendo? Atualmente existe um nome pra esse tipo de abuso: Gaslighting, devidamente registrado no dicionário Cambridge da língua inglesa. Alguém já ouviu falar? Eu não, e achei muito interessante a história da nova expressão.
O termo tem origem no filme “Gas Light” (À Meia Luz), de 1944. Na trama, um marido vai manipulando aos poucos o ambiente onde vive com a mulher, alterando pequenos elementos, para confundi-la e fazê-la crer que suas lembranças não correspondem à realidade. A intenção final é convencê-la, e aos que os cercam, de que ela é louca. O nome do filme faz referência às luzes a gás que em certos momentos piscam. O marido inicialmente se apresenta como o “homem perfeito”, mas ao longo do filme acompanhamos suas estratégias para fazer com que a mulher duvide de sua própria sanidade. Tudo para que possa roubar-lhe as joias escondidas.
O “gaslightining” é um comportamento que manipula psicologicamente a vítima, distorcendo suas falas, omitindo ou criando informações contraditórias, colocando a pessoa em uma posição de vulnerabilidade e inação, por se sentir insegura e confusa sobre sua própria percepção da realidade. Por ser uma violência sutil, a vítima demora a perceber os sinais e vão se deixando dominar pela ausência de autoestima e pela insegurança sobre si, confiando mais na palavra do abusador.
Como já comentei aqui anteriormente, o caminho para escapar desses abusos pode ser longo, as vezes são necessários anos para alguém identificar a condição em que se encontra. E como temos falado aqui em resiliência, empatia, solidariedade, é bom lembrar que em muitos casos de abuso, basta que uma só pessoa acredite e apoie a vítima para que ela comece a se reorganizar emocionalmente.
Vamos ficar sempre atentas aos sinais dos diversos tipos de abuso?