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Comportamento
21.ago.2021

Quem não está vivendo uma sensação de mal estar generalizado com o rumo da nossa sociedade, esgarçada em meio à pandemia, mortes, ameaças e desatenções superiores? Com mais de 570.000 mortos, como ainda não surgiu uma indignação coletiva? Perdemos a capacidade de nos indignarmos?

Ouvi algo que me fez pensar esta semana: quem hoje não se posiciona, está se posicionando. Como omisso, insensível, alienado. A partir do momento que alguém resolve posicionar-se politicamente em público significa que está admitindo a responsabilidade que também tem em todo o contexto. Não dá para se omitir quando o país está sem rumo, sofrendo por todos os lados. É a indignação que toca nossa alma que nos faz ter vontade de nos manifestarmos. Por medo de críticas, por muito tempo ficamos em cima do muro. Sobretudo quando os críticos são pessoas sem limites em sua agressividade e infinita falta de discernimento. Mas, e a nossa responsabilidade coletiva?

Será que foi tanto estímulo (mistura da banalização da mentira, da violência, da falta de seriedade, da ignorância) para nos indignarmos e por tanto tempo que ficamos anestesiados, sem capacidade de reagir? As pessoas estão sem ter o que comer, as famílias deixando suas casas para ir viver nas ruas, no centro das cidades, em busca do que comer. Até então adotamos uma postura como se tudo fosse passar num passe de mágica, negando o fato de que as consequências funestas do imenso estrago que vem sendo feito durarão muitos anos até serem consertadas.

Sem partido ou lado, o certo é ficar do lado da vida dos brasileiros. Por muito menos, nos nossos condomínios, nos indignamos e procuramos resolver os problemas. Temos a noção do espaço que é de todos e que a gente quer que funcione de acordo. Por que a nossa noção da coisa pública não funciona do mesmo jeito? As pessoas confundem política com partido político, sindicato, direita e esquerda. Não é, a política está presente nas nossas vidas o tempo todo.

Hoje, resolvi me desacomodar da maioria silenciosa e me posicionar. Gente, eu quero o Brasil livre de todos os grupos nefastos que o fazem refém hoje. Quero voltar a nos ver acordar sem a sensação de frustração e opressão. É muito?

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