Sobre conflitos e confrontos – parte 1

Geral
13.abr.2023

Todos nós deveríamos saber que a experiência do conflito é a única forma de restaurar relações interpessoais abaladas: passar a limpo os pontos de divergências, de tempos em tempos​,​ é necessário para a sobrevivência de qualquer relação verdadeira. Apesar disso, o que se vê é que cada vez se torna mais rara uma conversa civilizada, quando os interlocutores tem opiniões diferentes. Ou a discussão vira uma sessão de xingamentos mútuos ou simplesmente as pessoas se recusam a conversar e a defender seus pontos de vista. Desfazer um conflito é uma necessidade recente na história de conviver em sociedade e estamos condicionados a associar conflito com violência. Em geral, não queremos entrar em por medo de que ele saia de nosso controle e nos tornemos violentos.

Entretanto, ​​conflitos, hoje em dia, são algo corriqueiro na vida relacional. Diferentes códigos de civilidade vão reger ​as​ relações.​, desde as de familiares às de vizinhos, entre inúmeras outras. ​​E ​basta que uma das partes discorde de uma norma para que exista um conflito. Como não aprendemos a lidar com os conflitos, surge o confronto das ideias, que traz a violência às discussões.

E então, como lidar com o conflito? O essencial é aprender a se opor à opinião de alguém sem ser violento. A violência surge quando enxergamos aquele que se opõe a nós ​ ​como alguém ​que está ​inteiramente equivocado ​ou​​ que é​ inferior a nós. Ou seja, quando consciente ou inconscientemente, não o consideramos como nosso igual, em valor ou em direitos. A hostilidade se manifestará em nossas atitudes: passaremos a agredi-lo, humilhá-lo ou rejeitá-lo, tratando-o com indiferença ou recusando-nos a conversar.

Identificar a violência por vezes é difícil, pois ela pode ser sutil ou até se exprimir com doçura. Falsa doçura, que fique claro. Porque é possível fazer tudo o que acabamos de dizer sem elevar a voz, não sendo isso sinal de que consideramos o outro nosso igual.

Quando conseguimos entender a diferença entre a violência e o conflito, passamos a ter a chance de reconhecer nossas próprias atitudes “sutilmente violentas”. E também, é claro, vamos identificar com mais clareza se o outro está sendo agressivo ou não conosco. Caso esteja, podemos nos recusar a entrar ou sustentar uma discussão destrutiva . Caso contrário, será o momento de aceitar o conflito, o que passa a significar​ simplesmente​ que aceitamos estar em desacordo.

simone_sotto_mayor

 

 

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