Uma mulher que estiver se separando vai ouvir inúmeras vezes dizer que sua condição financeira agora vai inevitavelmente piorar. Ou seja, seu único destino é empobrecer. A menos, é claro, que encontre rapidamente um segundo marido, “bem de vida”, para ser seu provedor.
Este tipo de raciocínio está na cabeça das pessoas de forma homogênea, praticamente. Mesmo que se trate de uma profissional com boa colocação, muitas pessoas simplesmente não imaginam que uma mulher seja capaz de encontrar soluções mais criativas do que um segundo casamento, desta vez “por necessidade,” para manter seu padrão de vida.
No Brasil, parece que a maioria da população ainda acredita que só atrizes ou mulheres famosas (e não as comuns), tem direito a uma existência digna, em termos materiais, após se separarem. Entretanto, enquanto as pessoas esperam que a mulher se encolha e aceite o seu “destino”, ela pode, veja só, buscar um novo emprego, fazer trabalhos que lhe tragam uma fonte de renda adicional, ou mesmo mudar de profissão. Pode até mudar de cidade, se for o caso, tudo menos aceitar ser vítima do “terrível evento” de não ter mais um homem a seu lado. Muitas vezes, ela até já sabe que pode mudar sua trajetória profissional, escolher entre o quê e de que forma vai atuar, mas não consegue lidar com o preconceito à sua volta. Em verdadeira oposição, o mundo lhe cobra um comportamento padrão: “precisa continuar fazendo o que sempre fez!!”, ou “não faça tal loucura!”, dirão…
Nossa sociedade não está preparada para absorver muitas das mudanças dos padrões que rapidamente se apresentam. Pessoas criativas (ou “multitarefa”) maduras, ainda podem ser vistas um pouco como aventureiras, um pouco como superficiais, ou que não fazem nada cem por cento bem. Já os jovens como um todo, homens e mulheres, vem adquirindo este direito, o de mudar suas opções e seu estilo de vida, ou de se “reinventar,” como se tem dito ultimamente. Por que é diferente com as outras gerações? Sempre deveria ser tempo de começar a refletir, reformular e mudar a maneira de agir, especialmente quando falamos de rever idéias pré-concebidas e há muito enraizadas.
Pois então, a mulher em questão precisa fazer um esforço e esquecer tudo o que estão lhe dizendo. Esta pode ser uma excelente ocasião para transformar o que todos julgam uma derrota ou um assunto encerrado em mais um desafio. Tornar a sua existência palatável, alegre, plena e não depender de um homem? A maioria não chega a imaginar isso.
E é preciso dizer ainda que, na prática, este pode ser também um começo de como passar a não aceitar facilmente o “não” em sua vida. E iniciar o aprendizado de transformar negativas em estímulos para crescer.