Tudo tem lá suas vantagens. O individualismo, sistema de vida que já nos levou tanto, vem nos dando muito mais liberdade para modelarmos nossa caminhada nesta vida. Somos autorizados a exercer nossa criatividade e autonomia na escolha de nossos estilos de vida, talvez como nunca: hoje sabemos que não há modelo que não possa ser revisto. Muda-se de ideia e reformula-se quase tudo, o tempo todo.
Assim é com o período da vida que chamamos de “velhice”. De um tempo em que a velhice era quase uma anomalia, sendo os velhos considerados até repulsivos por sua aparência, vivemos hoje em meio a um mar de idosos participando, viajando, buscando se divertir, se instruir… A velhice não é mais a mesma, nem a mesma para todos. É possível, desde que se tenha saúde, escolher seu próprio estilo de envelhecer. Assim como se pode, hoje, escolher entre vários modelos de casamento ou criar o seu próprio.
Para cada um de nós existem prazeres diferentes. E envelhecer bem está cada vez mais associado à possibilidade de se estar feliz, fazendo o que se gosta de fazer. Coisas simples do dia a dia que sempre fizemos, ou coisas novas, que requerem um planejamento mais elaborado e que ainda vamos aprender. Planejamos através de projetos que nascem de escolhas genuinamente nossas, livres da pressão externa a nós. Fazemos algo porque queremos e não mais porque devemos fazer, ou porque alguém espera que o façamos.
Assim, a velhice com saúde pode ser uma fase de vida inesperadamente rica, com a qual os que estão se tornando os idosos de hoje nunca ousaram sonhar. Ganhamos mais tempo para experimentar, ousar, empreender, acertar, errar, tentar de novo. Vale lembrar, entretanto, que para desfrutar de todas essas benesses, é preciso dar um primeiro e decisivo passo: aceitar e abraçar, de bom grado, o próprio envelhecimento .