Mulheres, autoestima e rejeições

Mulher
17.mar.2021

Ao que tudo indica, nascer mulher e já com a autoestima ajustada num nível razoável para sobreviver bem, é difícil. O mais comum é que o nível seja mais baixo do que o necessário e que vá se elevando ao longo da vida, a partir  do aprendizado trazido pelas experiências pessoais.

Este dado é bastante intrigante, e nos faz pensar. A autoestima ou a noção do próprio valor de uma mulher pode oscilar, por exemplo, de acordo com o sucesso ou fracasso de suas empreitadas: diante de um insucesso, algumas levarão menos e outras  muito mais tempo para se refazer. Não estamos falando aqui de episódios de depressão ou de qualquer outro rótulo que a medicina possa nos oferecer. É uma questão de vulnerabilidade, como um todo.  As mulheres, de maneira geral, se deixam atingir mais facilmente por alguns eventos.

Um exemplo frequente é a vivência de uma rejeição. Seja na esfera das relações afetivas, do trabalho, ou das amizades. Se uma mulher se sentir rejeitada, poderá reagir muito mal a isso, retrocedendo até na apreciação de seu valor como pessoa. Compare-se tal experiência a de um inesperado tombo, daqueles de se “ralar” toda. Como consequência, muitas de nós ficam, por assim dizer, meio apáticas por um tempo, paradas naquele ponto específico, sem conseguir passar para o próximo capítulo de sua vida. Não conseguem perceber que aquele evento é, na maior parte das vezes, só um contratempo a mais a ser superado. E nunca um motivo para perder seu centro e sair do seu eixo de equilíbrio.

Pelo fato de tantas dentre nós, mulheres, apresentarem tal padrão de reação às rejeições, ainda que de forma  inconsciente, é que muitas se tornam alvos fáceis do assédio moral. Assediadores, desde os mais livrescos aos que tem apenas alguns traços dessa patologia, farejam vítimas com este perfil instantaneamente. E daí a pouco, já fica difícil para elas sair da trama.

De fato, a única lição valiosíssima para aprender a selecionar os que merecem o nosso afeto, pode parecer até banal, de tão repetida que sempre foi. Passa pela velha máxima de “não gostar de ninguém mais do que de si mesma”. E como é isso, afinal? Ora, bem mais simples do que poderia parecer: se alguém lhe der uma prova de desamor ou desrespeito, uma só, daquelas que sabidamente vem para lhe destruir, pode desistir da relação. Em todas as áreas acima. Se não der para sair imediatamente, comece a traçar a sua estratégia de saída. Vale acreditar na própria percepção e não achar que está exagerando e dar outra chance. Por quê? Porque você, com quase cem por cento de certeza,  dará inúmeras chances, até não aguentar mais os sentimentos de frustração ou mesmo de humilhação. Ninguém precisa disso, não é?

No caminho para a consolidação do amor e respeito por nós mesmas, precisamos ter em mente que o problema não é alguém não gostar de nós e sim, acharmos que vamos “dar um jeito” nisso. É muito, mas muito mais fácil procurar aqueles que vão nos reconhecer como pares de verdade! E então, formar alianças ou vínculos bem sucedidos conosco, será a consequência natural disso. Ou seja, nunca desanimemos de procurar nossos pares, em todas as frentes da vida. Quanto mais nos cercarmos de pessoas que genuinamente nos apreciem, mais perto estaremos da possibilidade de compartilhar e receber. E nada, mas nada mesmo, pode ser melhor do que isso, concorda?

E assim é que, se não gostarem de você, pense, e daí??  E vá, sempre, procurar a sua turma.

 

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