Adultos, em geral, sabem que a capacidade de agir por si mesmo, de fazer escolhas e de assumi-las, é conquistada ao final de um longo processo de aprendizado. Como ajudar o adolescente, que se encontra em pleno processo de aquisição deste conhecimento? Os pais ficam cheios de dúvidas em relação a qual conduta adotar: seria melhor deixar seu adolescente em rota livre ou, quem sabe, tomar a frente e agir em seu lugar, pensando que “pelo exemplo ele aprende”? Como a medida certa é difícil de se encontrar, não é?
A autonomia começa pelas pequenas experiências, coisas simples, mas de muito valor no aprendizado, como administrar uma mesada e ter alguma responsabilidade doméstica. Pequenas coisas devem ser demandadas como uma contribuição ao bom andamento da casa, seja arrumar o quarto ou passear com o cachorro. Pais precisam estar atentos para não serem críticos demais ou ter atitudes excessivamente protetoras, devido aos seus próprios medos. É claro que, no caminho, o adolescente vai cometer erros. E daí? Se aceitarmos suas tentativas e evitarmos críticas desnecessárias, eles se desenvolverão muito melhor. É preciso lhes deixar a possibilidade de aprender com seus erros, de mobilizar e desenvolver seus potenciais, de se responsabilizar. Senão, como ter a coragem de ousar e de se sentir capaz?
Dividido entre a busca por autonomia e o medo do desconhecido, o adolescente tem que gerenciar, ao mesmo tempo, sua necessidade de distância e sua dependência dos pais, relacionando-se continuamente com eles. Para os pais, afrouxar as rédeas é importante, mas a liberdade total é angustiante para o jovem. O melhor a fazer é adotar uma postura de copiloto: estar ao lado, pronto para ajudar os filhos a compreender e a corrigir seus erros. Isso lhes dará um grande impulso, num momento em que estiverem lutando para avançar.
Estabelecer regras ou limites estrutura o adolescente, embora elas não devam ser nem rígidas nem arbitrárias. O “é assim e acabou” é contraproducente. Por outro lado, envolver o adolescente na procura por soluções lhe permitirá desenvolver competências essenciais para a autonomia, como o respeito pelo compromisso e a iniciativa para resolver problemas. É bom lembrar que, acima de tudo o que falarmos, será preciso dar provas de nossa coerência: as regras que impusermos, teremos de também respeitá-las. Caso contrário, ficaremos sem nossa credibilidade e, o jovem, sem as indispensáveis referências. Em situações em que as regras forem infringidas, sanções podem ser aplicadas, desde que tenham sido previamente anunciadas, que estejam relacionadas com o problema e que não sejam desmedidas. Mostrar firmeza e consistência a longo prazo é sem dúvida o ponto mais difícil, mas é o mais importante também.
Os jovens costumam escutar com mais boa vontade quando se sentem também ouvidos. Quanto mais o adolescente se sentir amado, melhor ele evoluirá. Encoraja-los a criar projetos, sem lhes contagiar com nossos próprios desejos, fortalecerá sua autoestima e os estimulará a ousar. Interessar-se por seus gostos (filmes, músicas) pedir-lhes ajuda em coisas que eles entendem melhor que nós ( fazer qualquer coisa na internet, por exemplo) lhes demonstra o interesse que temos por eles e os valoriza.
Por fim, vamos lembrar que acompanhá-los em sua autonomia é também ajudá-los a desejar construir uma vida de adultos. Cabe a nós mostrar-lhes como amamos viver, comentar sobre nosso cotidiano, sobre obstáculos e soluções encontradas, com naturalidade e sem se queixar o tempo todo.
Parece simples? Pois acredite: isso faz toda a diferença!