Todo mundo já andou pensando nas diferenças entre alegria e felicidade, não é? A conclusão passa sempre pela ideia de que a felicidade está relacionada a um estado de satisfação durável e que, supostamente, devemos ter motivos para ser felizes. Quanto à alegria, entendemos que ela surge pontualmente e sem motivo aparente. Um contato mais próximo com a natureza, por exemplo, pode fazer com que alguém se sinta subitamente invadido por um intenso sentimento de alegria. A propósito desse tipo de experiência, costuma-se dizer que alguém está “cheio de alegria”, expressão que todos conhecemos. Além disso, consideramos a alegria mais pura como sendo aquela que deixa de estar atrelada ao nosso pequeno e particular mundo: não é mais a “minha ” pequena alegria individual, é como se, através de mim, o mundo se rejubilasse por existir.
A questão que nos surge é se seria possível ou não expandir nossa capacidade de experimentar alegria. Ou seja, será que alguém pode se tornar uma pessoa que libere, com mais frequência, esse tipo de alegria que vem do seu interior? Parece que sim, pelo menos de acordo com um grupo de pesquisadores americanos que proclama um certo “aprendizado da alegria”. Como se daria isto? Nada muito complicado e bastante interessante, até. Vale a pena parar para pensar e extrair algo que se adeque à realidade de cada um de nós.
Primeiro, dizem, é preciso parar de idealizar uma situação que estaria por vir. Neste caso, não basta apenas acolher o presente tal como ele se apresenta a nós, é preciso ainda combater uma certa “ideologia da esperança,” que muitos de nós insistem em praticar. Trocando em miúdos, significa que permanecer numa expectativa por um tempo além do razoável não só nos impede de começar a apreciar o que já está ao nosso alcance no presente, como nos faz concentrar toda nossa energia e força naquilo que está “lá”, aquele lugar inalcançável.
A seguir, ensinam-nos que é absolutamente necessário aprender a apreciar o presente. E, para começar a valorizar o que já está “aqui”, é preciso, para alguns, até inaugurar um novo viés de enxergar a vida. O cerne deste novo olhar estaria na percepção de que somos parte de um conjunto muitíssimo maior e que somos quase insignificantes, ao sair um pouco de nossos pequenos mundos, diante do tamanho do todo.
A alegria é uma emoção passageira, porém renovável. Mas não é isso que torna a vida interessante? Os pesquisadores nos anunciam que a alegria só pode surgir quando estamos dentro da realidade: se vivemos desconectados do momento real, só planejando e idealizando o futuro, começaremos a sonhar e a fugir para um mundo irreal. Como a vida é criatividade, afirmam, a alegria virá do fato de participarmos de algum processo criativo. Ou seja, para ser alegre, é preciso fazer parte do real. Concretamente.
Por último, concluem que, quanto mais alguém se tornar capaz de identificar a fonte de alegria em si próprio, mesmo nos momentos de adversidade, mais fácil será convocá-la quando necessário. E sabe qual a consequência disso? É que, com a alegria brotando mais frequentemente, passamos a não perseguir tanto um estado de “felicidade duradoura”. Que pode até existir, mas se vai chegar ou não é que passa a ser um fato secundário…