Autoridade feminina: o difícil equilíbrio

Mulher
15.jan.2019

Acostumadas à esfera privada, algumas mulheres sentem que são “atropeladas”pela agressiva competitividade masculina no mundo corporativo. Sofrem com as palavras ásperas que lhes são dirigidas, com as ironias, tendem a tomar críticas como pessoais. Muitas vezes até são pessoais mesmo e o difícil passa a ser aprender a não dar importância a elas, já que estão ali só para desestabilizar e não ajudar a progredir.

É bom lembrar que as mulheres não são, absolutamente, fracas e frágeis. Não. Simplesmente, tem, na grande maioria das vezes, uma forma de estar no mundo totalmente diversa. Em geral, as mulheres necessitam  aprender a lidar com as críticas. Para isso, entretanto, muito haverá a ser superado. A começar, o antigo e conhecido modelo feminino de reasseguramento de si mesma a partir da aceitação do outro. Ou seja, o primeiro passo será passar a buscar a satisfação consigo mesma em si, e não em alguém mais.

Um aprendizado dos mais importantes está no fato de que, ao pretender construir uma boa carreira executiva,  a mulher profissional precisará ficar inteiramente à vontade com o rótulo de “autoritária”. Não poderá se incomodar nem um pouco com isso, terá de aprender a conviver com as críticas mais ou menos mordazes e com as provocações de seus pares masculinos. Assim, quando uma mulher está num posto de autoridade, defendendo com veemência suas posições, logo surgirão comentários que caminham para um mesmo veredicto: ela é “autoritária”. Em geral, no entanto, está sendo apenas convicta. Homens que adotem o mesmo comportamento serão elogiados por sua “firmeza”, “liderança”, “capacidade de decisão”, etc. A verdade é que o senso comum ainda não espera que as mulheres ocupem tais posições de liderança. Para compensar a falta de validação social, elas podem acabar se tornando realmente autoritárias e extrapolando, por vezes, na demonstração de poder. Será um comportamento reativo, baseado no medo real de não ter sua autoridade reconhecida.

Apesar do cenário aqui descrito, há uma boa notícia: ambientes corporativos mais saudáveis estão se multiplicando, mesmo ainda não sendo uma preocupação específica da grande maioria das empresas fazer com que mais e mais mulheres alcancem os postos de topo de carreira . As que conseguiram chegar lá, ok, é fato consumado. Mas, em geral, não tiveram incentivos ou a ajuda de uma política especial dentro das corporações.

Em contrapartida ao antigo modelo de liderança que hoje comentamos, percebe-se nas lideranças femininas uma gestão corporativa em que a vida privada, tanto dos que ocupam cargos executivos como de seus subordinados, é muito mais levada em conta. Humanizam-se as relações e o resultado é que a hostilidade e o excesso de competitividade tendem a dar lugar a um ambiente mais solidário e colaborativo. Já se pode anunciar que, suavemente, novos ventos começam a soprar. Aos poucos, eles deverão libertar a mulher de comportamentos defensivos próprios de quem ainda é refém nos círculos do poder.

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