Bela velhice!

Comportamento
24.jul.2021

“Envelhecer bem”, ou seja, adaptar-se àquela que será a derradeira fase na vida é um desafio para ambos os gêneros. Entretanto, em nossa sociedade contemporânea, as diferenças entre homens ou mulheres atravessando esse período se fazem bem marcantes, com elementos que facilitam a aceitação do processo por um grupo e que não se apresentam para o outro.

A antropóloga Miriam Goldemberg, em seu livro “A bela velhice,” chama a atenção para as diferenças nas expectativas acerca do envelhecimento, reveladas por homens e mulheres em pesquisa que fez. Nos depoimentos masculinos, surge o desejo de continuarem a viver intensamente cada dia, sentindo-se ativos, úteis e bem-humorados. Já as mulheres afirmam, de forma quase unânime, que nunca se sentiram tão livres para “serem elas mesmas” e fazerem só e simplesmente aquilo que lhes dá prazer, deixando clara uma ruptura significativa na linha de vida. A dita liberdade é, na verdade, o abandono de um papel de cuidadoras dos que as cercam para passarem a cuidar de si. O livro foi atualizado e relançado recentemente com o título “A invenção de uma bela velhice”, trazendo agora o resultado da continuação da pesquisa da autora, desta vez com mais de trinta nonagenários por ela acompanhados desde março de 2015, todos independentes, saudáveis, alegres, curiosos e cheios de interesses e projetos de vida. Aliás, leitura recomendadíssima!

Na questão das diferenças entre as diferentes aspirações dos gêneros, ainda não se sabe se a satisfação obtida pelos dois grupos se assemelha. Mas isto, certamente, nem importa. Pois o que vale é saber que, na velhice da atualidade, não há receita para o bem viver. Se estiver em boas condições de saúde, o idoso atual tem a liberdade de buscar sua própria e pessoal alternativa de existir. E, é sempre bom lembrar: as diferenças são o tempero da vida.

#belavelhice #envelhecer #bemviver #ageismo #perennials

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