Diferentes e solidários

Comportamento
08.ago.2017

Ser solidário dentro de seu próprio grupo, seja familiar ou social, não é tão complicado para a maioria de nós. Difícil é quando se espera solidariedade vinda de grupos diferentes dos que já pertencemos.

Conviver no dia a dia com estrangeiros, por exemplo, não chega a ser algo novo. Só que, até algum tempo atrás, acreditava-se que os “de fora” mais cedo ou mais tarde perderiam suas diferenças e assimilariam por completo a nova cultura. Hoje isso mudou: nem as pessoas que se transferem para outro país desejam se transformar em nativos, nem estes, por sua vez, pretendem assimilá-los. Não se trata mais de ser tolerante, já que a “tolerância” pode ser apenas outra vertente da discriminação. O desafio está em criar, entre pessoas de culturas diferentes, um sentimento genuíno de solidariedade.

Em nosso conturbado mundo, modos de coexistência diferentes dos modelos que não se aplicam mais merecem uma chance. O processo em direção a uma nova e respeitosa forma de coexistência poderá vir, por exemplo, do verdadeiro laboratório das relações interpessoais que são as formas de convivência entre os jovens. É lá que pesquisadores identificaram a cooperação informal e espontânea como uma das melhores formas de vivenciar a diferença. Entre os jovens, verifica-se que os contatos entre pessoas com diferentes habilidades ou interesses são ricos, mesmo quando desordenados. Informalidade, no caso, significa não haver regras de comunicação fixadas de antemão. Elas acabam por se desenvolver por si mesmas, à medida que a comunicação vai se tornando mais abrangente e consistente. Espontaneidade, aqui, é alguém se mostrar interessado em saber como é uma outra pessoa, sem ter a menor ideia de onde vai dar a relação. Antes de tudo, dispensa-se a lei do utilitarismo, que é quem demarca um objetivo prévio para qualquer  aproximação.

E então, é ou não uma forma inovadora de se conviver com as diferenças individuais? É algo para se pensar mesmo já que, no mundo globalizado de hoje, em breve ou todos ganhamos ou todos perdemos. O modelo de um sair ganhando às custas dos demais está chegando ao limite e, dizem os estudiosos, tende a desaparecer.

simone_sotto_mayor

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