Educar os filhos de verdade é um trabalho contínuo e bastante cansativo, que consome muitos anos de dedicação dos pais. Exige que se esteja genuinamente atento ao que se passa com eles e que permita acompanhá-los a uma certa distância, estando porém sempre prontos a intervir, se necessário.
Fala-se muito atualmente em não interferir na “liberdade” dos filhos, em deixá-los seguir seu próprio caminho. Mas como assim? A partir de quando, de qual momento na existência deles devemos nos abster de opinar e de dar-lhes uma ajuda em seu direcionamento, mesmo que isso não nos seja abertamente solicitado?
Com o crescimento do individualismo nos dias atuais (ou nesse fim de século), os pais também estão muito preocupados em obter o máximo de suas vidas para o seu próprio gozo. Além de ter um trabalho que agrade, todo mundo quer ser “feliz”, se divertir, consumir, viajar, ficar bonito, enfim, todos têm inúmeros objetivos absolutamente individualistas a serem perseguidos e alcançados.
A formação moral e emocional sólida dos filhos não é mais, frequentemente, parte desses objetivos a serem atingidos. Nós, no entanto, não admitimos isso de sã consciência. Todos somos adultos competentes, modernos e “liberais”.
Na verdade, por trás de tal “liberalidade” esconde-se muitas vezes, uma dose de comodismo. Pois é muito mais difícil educar realmente os filhos, “perder” tempo conversando com eles sobre suas experiências e anseios, do que, em nome de uma suposta postura liberal, deixá-los sozinhos fazerem suas escolhas desde muito cedo.
É interessante notar que os adultos que passaram pela experiência “liberal” quando eles próprios eram os filhos, não têm outro registro que não o do sentimento de abandono, solidão e confusão.
Também é importante que se saiba que não estamos falando de educação onde os valores são mais ou menos rígidos. Não é isso o que está em questão, e sim, a presença amiga e sinceramente interessada dos pais, criando, isto sim, um diferencial no sentido de filhos mais seguros e satisfeitos consigo mesmos.