Quando se trata de estudar melhor as características de nossa atual sociedade, deparamo-nos com alguns respeitáveis autores que muito tem se debruçado sobre esta temática. São incontáveis os livros, ensaios e teses acadêmicas que buscam entender o comportamento da sociedade contemporânea. Bauman, sociólogo polonês, afirma que, a partir de meados do século XX, nossa sociedade passou a ser constituída por indivíduos consumidores, ao invés dos produtores de até então.
A atual geração de jovens não conheceu outra forma de vida, a não ser a de nossa sociedade de consumidores. Nela, emergem soberanos o imediatismo e o culto à novidade. É o que temos oportunidade de observar à nossa volta o tempo todo. Acompanhamos a chegada contínua, nas últimas décadas, de novos e múltiplos objetos de desejo. E ao mesmo tempo, nos assustamos com a rapidez com que se tornam antigos e desaparecem ou são facilmente substituídos
Vários estudiosos têm mostrado o quanto os reflexos dessa realidade estão instalados no nosso dia a dia. Nada é visto como estando aqui para sempre, tudo se torna cada vez mais transitório, com curto prazo de validade, volátil. Produtos e serviços tem seu tempo de vida reduzidos e até os empregos cada vez mais são descartáveis ou precários, sem vínculos.
As escolhas se tornaram particularmente difíceis pela ausência de garantias. A própria pesquisa científica muda de ideia com alguma frequência e algo que hoje é dito como sendo bom para a saúde, amanhã poderá ser declarado um agente indutor de doenças. De maneira geral, os pontos de referência que hoje nos parecem confiáveis podem ser, num futuro próximo, postos de lado como equivocados.
O que pensar a respeito de tantas e tão recentes transformações? Como aprender a lidar com tal contingente de incertezas, todas inerentes ao nosso tempo? Seremos capazes de superar esses novos medos e encontrar uma forma de sermos felizes em meio a tudo isso?
O que podemos dizer, sem medo de errar, é que, num mundo como o atual, é preciso aprender a acolher a vida pouco a pouco, tal como ela nos vem. Sabemos que cada fragmento poderá ser diferente dos anteriores, o que vai nos exigir novos conhecimentos e habilidades. Mas nada nos diz, de antemão, que esta seja uma desvantagem.
Na sociedade da transitoriedade, com tantas diferenças já descritas em relação ao passado recente, aquele dos valores bem definidos e estabilizados, a boa notícia parece ser justamente a possibilidade de evoluirmos, como nunca, em múltiplas direções, dentro da mesma existência.
Com nossa essência inabalada e inabalável, podemos, sim, sofrer muitas angústias com este mundo incerto. Mas provavelmente, nunca fomos tão aptos a encarar tantos e inéditos desafios. E a satisfação de vencê-los, e com isso enriquecermo-nos como pessoas, é algo que vai perdurar em nós. Pois a nossa experiência nos pertence, nos recria, e o tempo não leva .