Cada família possui uma história, valores e crenças que influenciam a maneira de agir de seus membros. A herança emocional é algo que aparece desde cedo, já que os bebês se apossam das reações emocionais dos que estão à sua volta. Este é um fato confirmado por várias pesquisas: sem acesso à linguagem, são as sensações que lhe chegam primeiro.
Um grupo de terapeutas ingleses estuda, atualmente, a estruturação da árvore genealógica emocional. Como um primeiro passo, propõe-se saber sobre os países de origem da família, com seus pontos de vulnerabilidade como mudanças geográficas, separações, eventos traumáticos, doenças e também os períodos historicamente difíceis, como as guerras.
A seguir, é feita a relação de eventos positivos: nascimentos, ascensões sociais, uniões felizes e de longa duração, os laços afetivos e outros pontos estabilizantes na história da família. Feito isso, já se terá obtido os grandes capítulos do romance familiar, com as linhas divisórias de rupturas e de união. Será possível compreender melhor como os acontecimentos condicionaram as escolhas de uns e de outros, até chegar aos membros presentes.
Fundamental será, informam os estudiosos, identificar que crenças familiares formam a base cultural de cada família e quais as que se fazem transmitir junto com o patrimônio emocional. Por exemplo, em que se acredita de fato no seio de cada família? No valor do trabalho, no pai, na mãe, em Deus? Que nível de estudos é preciso atingir? Que profissões são consideradas “boas”? Existem opções que são proibidas ou mal vistas? Qual o discurso sobre a sexualidade? As pessoas devem se casar? Que tipo de cônjuge é preferível? E qual é mal visto? De que forma vive a família? É aberta ao convívio com outros ou se isola, só convivendo entre si? Que lugar se concede ao trabalho e ao lazer? Como criar os filhos? Que valores devem se transmitidos a eles? Que lugar é dado à autoridade, à religião, à moral? Quais os assuntos tabus ou que gerarão conflitos?
Uma vez obtidas as respostas, a questão passa a ser pesquisar com atenção e entender os próprios sentimentos. Trabalhar as emoções se faz necessário para que alguém possa individuar-se sem romper com os familiares, informam os terapeutas.
Os pesquisadores recomendam ainda que se desenvolva o hábito de refletir, de vez em quando, sobre os membros da família que sofreram e que acabaram legando suas “sombras”. Esse processo seria uma forma de aplacar antigos ressentimentos contra personagens do passado. Ao conseguir olhar de forma compassiva sua história, estaríamos finalmente separando o que é “nosso” e “deles”, em termos de emoções.
Quem se habilita à experiência? Quando nada, é uma boa tentativa de substituir ressentimento por compaixão e, com isso, chegar mais perto de uma vida plena…