A importância das emoções

A Dois
06.fev.2018

Que importância têm as emoções? Somos realmente capazes de compreender o que sentimos todo o tempo? Bem, se não somos capazes (e não somos mesmo), teríamos muito a ganhar se aprendêssemos no cotidiano a estar mais em contato com nossas emoções.

Muitas vezes, por medo da dor que os nossos sentimentos possam nos causar, não fazemos isso. Negamos o que sentimos e ainda procuramos passar uma imagem para nós mesmos e para aqueles que nos cercam de que está tudo bem conosco e de que somos autossuficientes.

Na verdade, as emoções são nossa forma própria e única de percebermos o mundo que nos cerca. Cada um de nós, portanto, é tudo aquilo que vivenciou, acumulando experiências pessoais que constroem nossa história e traçam nosso desenvolvimento. Por isso, estar em contato com o que realmente sentimos nos possibilita compreender como somos e como reagimos ao mundo.

Ocorre que, como ninguém se sente totalmente seguro (cada um de nós se sente vulnerável, de uma ou de outra forma), procuramos, desde cedo, ocultar nossa fragilidade de nós mesmos e dos outros. Assim, nos privamos de desfrutar de muito do que a vida nos oferece. Quando aceitamos a própria vulnerabilidade, ficamos muito mais abertos e sensíveis às possibilidades que a vida nos oferece.

Isto vale tanto para nos entristecer quanto para nos alegrar. É claro que é difícil suportar tal condição de abertura às emoções que a vida nos oferece. Por medo das dores que outros possam nos causar, nossa tendência é, logo após a infância, abandonarmos essa postura de abertura e adotarmos outra, defensiva. Pensamos estar assim nos protegendo por antecipação, antes de nos arriscarmos a deixar que os outros possam nos magoar. Os laços afetivos são apenas superficiais, por medo de abandono ou de rejeição. E, assim, vamos vivendo nossa “vidinha”.

Mas o que seria necessário para interromper este processo que tanto limita nossa existência? Uma espécie de crença básica em nossa força interior é fundamental de se adquirir. Algo que nos faça saber, a cada um de nós, que não abandonaremos nosso próprio eixo, aconteça lá o que nos acontecer. Podemos nos entristecer, nos exaltar ou até mesmo nos desesperar: mas é preciso que acreditemos em nossa capacidade de regeneração para que nossa fragilidade nos pareça aceitável, apenas parte de um todo maior. Se pararmos de tentar esconder nossa vulnerabilidade, nos permitiremos sentir a dor das experiências negativas (frustrações, perdas, etc.) e passaremos a aprender e a amadurecer com elas. Vamos nos perceber nas experiências, tentar observar nossos erros e aprender com eles. Este é o processo que nos fortalece ao longo da vida e nos ajuda a não repetir os mesmos equívocos. A negação da dor em nossas experiências, infelizmente, interrompe todo este processo natural de aprendizado. Além disso, se a pessoa não conseguir vencer suas defesas, ela irá conduzir sua vida para onde suas defesas a conduzirem, e não para onde seus verdadeiros sentimentos a conduziriam.

Para concluir, é preciso lembrar que a pessoa que é imune à tristeza também é imune à verdadeira alegria. Deixa então escapar a possibilidade de estabelecer uma relação mais vigorosa e intensa com o mundo, o que torna a vida mais desfrutável e prazerosa.

Artigos relacionados

16 set

Inovações casamenteiras

A agora antiga lógica de casar por amor e pela existência de um projeto de vida em comum está banida de grande parte do grupo dos jovens. Foi substituída por outras: a do imediatismo, praticidade e exclusão do vínculo e compromisso; e a do novo “determinismo cronológico”. Era com um projeto de vida em comum […]

  • 1560
A Dois
3 mar

“Stashing”

Há tempos comentei aqui que gosto de acompanhar o surgimento de novas palavras, que vem “oficializar” comportamentos que estão se tornando comuns, mas que ainda não tinham sido nomeados. A partir do ponto em que se dá “nome aos bois”, fica mais fácil de se entender, refletir e, até mesmo, escolher como se quer agir. […]

  • 7159
A Dois
28 ago

Passar a limpo as relações

Há muito não acredito que uma relação longa consiga sobreviver forte de verdade, se não tiver sido “passada a limpo” algumas vezes ao longo dos anos. Num casal, em família, nos laços de amizade, o conflito é, antes de tudo, um sinal de envolvimento e compromisso: briga-se para ajustar as diferenças, para avançar e progredir. […]

  • 1623
A Dois