Nós e os emojis

Comportamento
29.maio.2018

Quando o Facebook acrescentou ao seu “curti” mais cinco pictogramas emocionais, significando o amor, a alegria, a surpresa, a tristeza e a raiva, a gama de nossos sentimentos passou a se mostrar representada pelas carinhas cheias de afetos, que hoje já são habituais em nossos textos. Costumamos chamá-los de emojis, uma palavra vinda do Japão, país onde tudo isso começou. Curioso é que, longe de ser reservada aos jovens, essa forma de comunicação não verbal vem se impondo como um complemento quase indispensável às nossas mensagens: às vezes substitui as palavras, mas mais frequentemente as torna mais precisas, evitando qualquer mal-entendido na conversação. Quem já não sentiu falta de um emoji para deixar a comunicação mais clara, ou mais leve?

Dia desses li que, em junho de 2014, o Consórcio Unicode, uma espécie de dicionário dos ícones visuais universais, acrescentou cerca de 250 novos emojis à lista dos 800 já cadastrados. E há 4 anos existe o “emojiday”, celebrado no dia 17/07, além de uma enciclopédia de emojis no formato da Wikipedia (emojipedia.org). Fico sabendo ainda que o livro “Moby Dick”, de Herman Melville, não só foi traduzido em emojis, como também rebatizado de “Emoji Dick”!

Essas expressões virtuais e lúdicas que invadiram nosso cotidiano são hoje objeto de estudos, teses e livros. Serão o embrião de uma linguagem globalizada que vai modificar nossa forma de nos comunicarmos? Ou serão apenas uma regressão infantil, empobrecendo nossas trocas sob a pressão constante dos fabricantes de smartphones? Como é comum acontecer nesses embates entre o mundo digital e as ciências humanas, as opiniões surgem sem moderação: de um lado, semiologistas se alarmam com a possibilidade de desaparição das riquezas da língua; de outro, sociólogos veem nessas “palavras-imagem” uma evolução natural de nossas relações…

Uma pesquisa bastante interessante, dentre as várias que existem sobre o tema, data de 2013 e foi conduzida na Austrália por Owen Churches, pesquisador na escola de psicologia da Universidade Flinders. O estudo concluiu que tendemos a reagir da mesma maneira, quando nos deparamos com um desses ícones emocionais numa mensagem e quando estamos diante de uma expressão de emoção num rosto humano! A conclusão, de tão revolucionária, nos traz a dúvida: será mesmo?? E então, seria válido pressupor que estamos quase prontos para pensar por imagens e falar através de desenhos? Mas isso não é o que faziam nossos antepassados, há cerca de 17.000 anos?

E você, o que pensa sobre tudo isso?

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