O ataque como defesa

Comportamento
01.maio.2018

Especialistas do comportamento humano já nos disseram que, ao se sentirem ameaçadas, as pessoas se defendem de seu próprio jeito e que este seria um reflexo arcaico. Dentre tantas formas possíveis de se defender quando atacado, como entender quem se defende atacando? Seria razoável o ataque como defesa?

O que se sabe é  que o medo está no cerne da problemática dos que agem assim, pois o maior receio é o de serem desvalorizados, rejeitados ou humilhados. O recurso pode ocultar feridas de um passado sofrido e nada incomum: alguém que viveu em condições de desamparo emocional ou de dominação por terceiros, ou que por muitas vezes se sentiu em perigo e que sofreu com isso. Sabemos que nosso comportamento vai variar de acordo com as mensagens que recebemos e com as experiências que vivenciamos. Cada um de nós elabora um sistema de valores sobre nossas crenças: “eu sou frágil, mas não devo demonstrar”, ou “as pessoas não me aceitam”, ou “todos têm inveja de mim”, e por aí vai.

Tomamos como real aquilo que não é mais do que uma representação da realidade feita por nós mesmos e que permanece guardada dentro de nós. Esta falta de lucidez nos faz andar em círculos: ficamos o tempo todo checando se aquilo que tememos está se aproximando de nós. Quanto mais alguém espera ser atacado, mais desconfia e se torna hostil. Os “outros”, por sua vez, se defendem ou se revoltam, o que confirma ao nosso protagonista que ele tem mesmo razão para desconfiar de todos. O círculo se fecha.

Em função de nosso temperamento e do ambiente em que vivemos, podemos adotar uma postura de ataque como defesa na vida. É uma estratégia de sobrevivência, que refinamos  e aperfeiçoamos com o passar do tempo.  Ou seja, é para sobreviver que nos impomos tal espécie de “arte da guerra”.

simone_sotto_mayor

Artigos relacionados

10 jan

Sobre a intensidade da vida

Todos nós sonhamos com a intensidade em nossas vidas, idealizando o que é intenso como “o melhor”. Só que, parando rapidamente para pensar, vamos nos dar conta que não há intensidade a não ser pelo contraste. Tive um professor que gostava de repetir que ninguém sobreviveria a um concerto, se a música tivesse somente momentos […]

  • 1727
Comportamento
10 mar

Depressão, o novo nome da tristeza?

Quando se instala, ela pode vir devagar ou de súbito: a tristeza lembra uma nuvem cinzenta a envolver alguém, manifestando-se por uma falta de vontade de quase tudo, mesmo falar ou ouvir pode ficar difícil. Sua primeira providência, digamos assim, é sufocar a energia vital no nascedouro. A partir daí, os dias se tornam pesados, […]

  • 1539
Comportamento
11 dez

A crise de confiança no outro

Ultimamente reparo que as pessoas estão cada vez mais abandonadas aos seus próprios recursos, ou seja, às suas próprias percepções e perspicácia. Cada vez temos mais especialistas em uma infinidade de assuntos mas, com frequência, somos nós quem vamos precisar encontrar a melhor solução para nosso caso, com nossas habilidades, intuições e recursos particulares. E […]

  • 2024
Comportamento