Quem já se deu conta que existem dois males que pesam sobre nossa existência, dos quais todos deveríamos lutar para nos libertar? A resposta, talvez bastante inesperada, é que são eles o passado e o futuro, imagine só. E por que? Ora, se pensarmos bem, não é neles que estão nossos maiores medos, aqueles que nos atormentam em vão? Vamos ver se é mesmo??
Começando pelo passado que, com frequência, nos puxa para trás, para não dizer para baixo. Se foi feliz, ficamos na saudade. Se foi doloroso, volta e meia podemos ser invadidos por lembranças tristes ou por arrependimentos. Tudo isso, é claro, ocupa indevidamente nosso pensamento quando acontece. E pode até, caso se torne crônico, estragar bastante nossa vida…
Para fugir do passado, nada como buscar refúgio no futuro, bem onde depositamos nossas esperanças, não é mesmo? Errado!! O problema é que esperança tem de vir na medida certa, senão também não vai nos fazer bem. E como isso se dá? Simples assim: a esperança nos oferece sempre a possibilidade de acreditar que “tudo vai melhorar depois”. A saber: quando tivermos mudado de casa, de emprego, de carro, de amigos, de mulher ou de marido. E, não raro, a consequência disso é ficarmos “congelados” na esperança, sem conseguir nos mover em direção a qualquer que seja o nosso objetivo. O que, naturalmente, é tão inútil quanto equivocado.
Tanto os medos como as esperanças que vivem nas duas dimensões não reais do tempo (porque o passado já foi e o futuro ainda não é) nos fazem, com toda certeza, perder o presente. Daí ser preciso observar se o passado rouba grande parte da nossa atenção, se frequentemente estamos falando e pensando nele, tanto de forma positiva como negativa. Porque tanto as grandes coisas que conquistamos, como as coisas horrorosas que nos aconteceram, precisam ser deixadas para trás. É necessário morrer para o passado a cada instante, e referir-se a ele apenas quando for totalmente relevante para o presente. Faz sentido, não é?
Esperar pode chegar até a ser um estado mental. Significa, basicamente, desejar o futuro e não querer o presente. Muitos dentre nós estão sempre esperando por alguma coisa, ou seja, não queremos o que conseguimos e seguimos desejando sempre o que não temos.
O caminho de volta possível é buscar a reconciliação com nosso mundo, amá-lo como ele é e diminuir as reservas com que vemos nosso presente. Se conseguimos isto, maior passa a ser nossa chance de viver o presente com mais tranquilidade, sem buscar todo o tempo transformá-lo…