Pais controladores e muito críticos tentam dialogar com os filhos, mas não conseguem. O resultado são diálogos vazios, relatos burocráticos de atividades totalmente impessoais. Como as perguntas são feitas em tom que já denuncia a crítica, os filhos, compreensivelmente, ficam inibidos e com medo de expor suas opiniões. Pode acontecer de, durante muitos anos, nem serem capazes de formar opiniões. E quando, finalmente, começam a tê-las, adotam uma posição defensiva na hora de as exprimirem e partem para o confronto sistemático.
Em certas famílias, a energia gasta para se proteger de uma eventual crítica é tão grande, que o gosto da convivência espontânea e livre, que gera confiança e intimidade para toda a vida, simplesmente não existe. Uma pena, pois a vida em harmonia com os que nos cercam, num ambiente de amorosidade (que passa por aceitação e não crítica), é o maior luxo que podemos nos dar.
E então, como tentar reverter um quadro assim? Para começar, exercitando nossa capacidade de refletir. Que modelos somos? Somos observados o tempo todo por nossos filhos e, não adianta falar, é o que fazemos que conta. Temos que fazer, tudo bem, mas o que? Temos que nos expor, mostrando-nos como somos de verdade, com nossas crenças e princípios.
E as conversas, por favor! Não podem nunca nem parecer ensaiadas, nem ter ares de lição de moral – chatíssimas!- tem que ser um papo fluido e natural. Abrir mão da postura autoritária do “eu sei tudo” e aprender a do “estou aberto a ouvir o seu jeito de pensar sem rejeitá-lo só porque é diferente do meu”. Aí sim, estaremos diante de um novo início. Pois estar com o outro é diferente de estar junto do outro.