Pais e terapeutas?

Filhos
15.abr.2014
Há alguns anos atrás, em casos de conflitos entre pais e filhos, não só os pais faziam terapia como as crianças frequentavam, por um bom tempo,  consultórios de terapeutas. Sessões semanais ou com frequência ainda maior (duas ou três vezes na semana) eram bastante comuns para cada integrante da família. Pais e filhos eram atendidos em sessões individuais. Porém,  a diminuição do tempo disponível e o encurtamento do orçamento mensal fez com que as famílias passassem a buscar soluções mais objetivas e rápidas junto aos profissionais da área.

Tal necessidade de grande parte dos pacientes fez com que os terapeutas se adaptassem, criando novas formas de atendimento psicoterapêutico que fossem tão eficazes quanto as sessões de análise frequentes e individualizadas. Hoje, muitos terapeutas mudaram sua forma de atendimento, sem no entanto comprometer o resultado do tratamento.

A novidade neste tipo de trabalho é que ele pode ser feito como uma espécie de “consultoria” onde, dependendo do grau da dificuldade no relacionamento entre pais e filhos,  o manejo é feito apenas através das orientações dadas aos pais. As mudanças de atitude por parte dos pais, auxiliados pelo terapeuta, costumam gerar um retorno até mais rápido e eficiente em termos do comportamento da criança. Todos ganham, pois evita-se o ônus de um tratamento focado num só membro da família, e se obtém  o comprometimento e a evolução de todos os envolvidos.

A pergunta é: e qual seria o segredo de tão bons resultados?  Muitos se esquecem, mas acontece que os pais têm um grau de influência insubstituível sobre os filhos, enquanto crianças.  Isto os faz excelentes vetores para as intervenções terapêuticas, que se tornam suas atitudes, ao invés de apenas palavras de terceiros.  Ou seja, o caminho é encurtado com a supressão da figura intermediária do terapeuta infantil. Os pais atendidos dentro deste modelo também passam a se sentir mais seguros, na medida em que começam a compreender melhor os conflitos, e vão naturalmente modificando sua maneira de agir frente às situações novas que surgem.

Para que tal estratégia de tratamento dê resultados efetivos, é preciso que os pais compreendam o que está se passando com seus filhos, e que estejam sinceramente empenhados e convictos de que sua nova atitude é a mais acertada. E também, para que este tipo de abordagem funcione, é necessário que os pais se reportem ao terapeuta periodicamente, numa frequência previamente combinada entre todos, de maneira que o terapeuta possa ir acompanhando à distância a consolidação dos progressos obtidos pelos pais.

É importante ressaltar ainda que cada caso precisará ser avaliado primeiramente, e que os mais complexos poderão necessitar ser tratados de uma outra forma – talvez ortodoxa. Mas é muito bom saber que  novas e igualmente eficazes formas de atendimento psicológico vão surgindo para suprir as necessidades das famílias.

assinatura_simone

Artigos relacionados

10 fev

Lidando com o fim de nossos pais

  Tenho pensado mais no fim, e acho até que ainda não me acostumei com isto. Mas a vida vai passando, e os interesses vão mudando. Minha geração esteve à frente de muitas mudanças, sem instruções para lidar com diversas situações novas. Como agora, quando vejo muitos de nós às voltas com a questão de […]

  • 819
Filhos
2 jan

Nossos adolescentes vistos pelos outros

Revoltados, mal-humorados e desorganizados. Em casa, raramente nossos adolescentes nos mostram o melhor deles mesmos. Mas, ao olhar de outros adultos, eles se revelam de repente educados, gentis, prestativos e conversadores. Mesmo quando o clima não chega a ser de animosidade, dá para perceber pais desanimados e perplexos diante de filhos que lhes reservam apenas […]

  • 1448
Filhos
20 jan

Educação: liberalidade ou comodismo?

Educar os filhos de verdade é um trabalho contínuo e bastante cansativo, que consome muitos anos de dedicação dos pais. Exige que se esteja genuinamente atento ao que se passa com eles e que permita acompanhá-los a uma certa distância, estando porém sempre prontos a intervir, se necessário. Fala-se muito atualmente em não interferir na […]

  • 1786
Filhos